Existe uma roda quadrangulando os cantos dos sorrisos agora. Era uma roda engraçada toda quadrada de tanto existir. Os esboços de felicidade escorriam dali para as pontas dos pés e davam forma a danças de passos desajeitados. Isso era a fórmula do estar contente. Ser demanda muito mais, demanda todo dia e todo dia não existe. Só o dia todo. Deram-se as mãos em um ímpeto de inconsciência afetiva. Era dia e não tinham notado. Era noite e tinham vivido.

Existe uma roda quadrangulando todos os peitos agora.

Isso é a fórmula do estar saudoso.


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Borboleteou-se toda para vê-lo aquele dia. Eram tantas formiguices, cigarrices e besoreios até que a hora chegasse. Camaleônico, ele bateu à porta e ofereceu-lhe o braço. Foram lagarteando pelas ruelas da cidade baixa.
E era tanta conversa gafanhotesca, tanto suspiro joanhinzento que a morcegada olhava como que censurando, como que invejando aquela passaranhisse.
Foram achegando-se um no outro. Pareciam querer colocar os juízos a beijar-se. Terminaram por aranhar-se sob um lençol branco de lua que vinha, abelhuda, por trás das nuvens, espreitar.




Quadro de Romero Brito





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Hão de existir sempre portas e janelas por onde não se pode passar. Estão lá os caminhos e as ditas cujas cerradas como que a vácuo.

Daí o protagonismo das frestas. Tão imperceptíveis, porém capazes de verter ou sorver a um prazo considerável. Quando chovemos, é por onde passam todas as gotículas de qualquer coisa.

É o espaço providencial entre os dedos, são os poros, é a alma. Essa, estive a tentar costurar os cantos para que não sobrassem pontas soltas e espacinhos. Em vão.

Estiveram a me afrouxar os pontos da alma e as frestas ficaram expostas. Fui chovendo, vertendo, sorvendo e sorvida. Tentei relutar, reamarrar, encerrar, reagir. Em vão.

Agora sei que por entre todas as frestas há sempre uma festa. Vou chuviscando, transbordando, absorvendo e absorvida. Então.



A Rachel, Sheyla, Lu, Aline, Bárbara e Santini
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Já não há mar que caiba o que eu quero dizer. Por isso deixei as palavras na nossa cama, os motivos na xícara do café e as agruras atrás da porta. Vou tirar-lhe do bolso quando pudermos fazer o mundo a quatro mãos e um dilema.
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Bem sabia dizer as coisas que bem lhe faziam, que bem lhe caíam, que bem lhe acertavam.
Bem sabia colher os sorrisos que bem lhe falavam, que bem lhe mostravam, que bem lhe mandavam.
Bem sabia escrever os versos que bem lhe saíam, que bem lhe cantavam, que bem lhe rimavam.
Só não bem sabia como bem saber de um bem que mal lhe fazia, mal lhe doía, mal lhe olhava, mas que, mesmo assim, queria tão bem.
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Só sabia ler as linhas das mãos e falar da língua das íris. Aprendeu a queimar o fogo antes que este o fizesse primeiro. Era filha do fim da tarde, dizia, já que a noite ocupou-se de muitas crias. Tinha a idade dos seus sapatos e o nome das estações do ano que só conhecia de ouvir falar. Podia estar Outona às terças e Primavera aos domingos. Apaixonava-se todos os dias, pois, segundo ela, o amor só dura 24 horas, depois disso é outra coisa. Repetia isso tanto quanto assumir que era viciada em cheirar roupas lavadas e passadas. Ela que preferia curvas a retas. Ela que não fazia questão de relógios de pulso por não querer pendurar o tempo no corpo. Ela que era bem mais ordinária fora dos floreios rabiscados para si todos os dias antes de dormir.
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11:32
Sinto muita culpa em dizer "não sei".
Culpa é aquilo que nem sempre é sua,
nem sempre tem explicação e
nem sempre tem razão de existir.
Não saber dói em algum lugar aqui dentro.
É o zumbido que os olhos não vêem
e a mão não consegue acertar.
Quando não sei o que sinto, fecho os olhos e o peito.
Com janelas e porta cerradas, fica mais fácil descobrir.
Amanhã é como o elevador descer inesperadamente.
Aquelas cócegas no umbigo...

11:35
Passado, presente e futuro são três minutos.

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Hoje a felicidade estava em uma folha de papel. Em branco, sem pautas, sem sombras.
E no perfume de terra molhada que o chuvisco de 5 minutos deixou.
E no verso favorito da música que tocou assim que ligou o rádio.
Eles falam em vazio todos os dias, disse ao gato, mas não sabem que o vazio já está cheio. Cheio de ser causa dos problemas de todo mundo.
Hoje a felicidade estava em o telefone não ter tocado.
E em prosa, pausa e prazo.
E em Couto, De Barros, Viegas e Reis.
Eles falam que estão cheios todos os dias, disse a si, mas são vazios. Vazios por estarem cheios de tudo e ainda se sentirem vazios.
Hoje a felicidade estava em não fazer sentido, nem para si, nem para eles, nem para o gato.
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Sinto a cabeça pesada hoje, mãe. Há um céu inteiro em cima dela. Está vendo? Cada nuvem dessa tem...não sei nem quanto, mas são muitos quilos de muitas coisas. Vê? Começo a dobrar os joelhos. Tenho joelhos fracos. Eles às vezes perdem a razão de sustentar o corpo e ainda em cima desse corpo tem o céu. Muitos quilos de muitas coisas. Deve haver o medo por ali também e esse há de ser o mais pesado. Não gosto de dar nome às coisas, mas o medo foi quem me deu nome. Está vendo o céu, mãe? Sinto-o pesado hoje. Tem uma cabeça inteira dentro dele.




Foto: Paulo Tabatinga
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Geralmente, vejo 1 dia sim e 5 não.
Ocupo-me para ficar desocupada e aproveitar as horas livres.
Quando as tão sonhadas chegam, trazem pela mão o meu desassossego em não ter coisas por fazer. Logo vê-se que não aproveito. Foi-se o dia. Passou.
Geralmente, vejo 1 dia sim e 5 não.
Considerava que dormir era perder minutos preciosos, até compreender que é durante o sono que crescemos.
Geralmente, vejo 1 dia sim e 5 não.
Para fechar uma semana, o 7° é cortesia. Como os 30 gramas a mais que vêm no pacote de biscoito em promoção.
Tenho os dois olhos abertos, acredite, mas quase sempre deixo escapar meus tempos.



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Está cientificamente comprovado que todas as pessoas possuem um lugarzinho bem no meio da caixa torácica, uma fenda do lado do coração chamada dar fim. Até mesmo os céticos ficaram boquiabertos quando finalmente foi comprovada a funcionalidade de tal sítio.

Conta-se que as pesquisas foram iniciadas por um carpinteiro porto-riquenho depois que este perdeu a filha, em mil novecentos e tanto, de causas aparentemente desconhecidas. A moça era daquelas que saía no sereno e não ficava gripada, comia melancia de noite e a dor de cabeça nem dava as caras. Quebrante, não sabia o que era e se fartava de tudo o que era reimoso sem qualquer consequência. Que saúde...era o que diziam na rua quando passava.

O certo é que um dia a cabritinha caiu doente. Quedou-se tão mal que não comia, murchou que nem quiabo no fundo da gaveta. Pintura nas unhas e na boca já não usava. Em um fio de voz, ela conseguiu dizer ao pai antes de começar a diminuir: é o mal de dar fim, papai...Depois disso, todos os dias ela diminuía cerca de 5 centímetros. O carpinteiro, já desolado, assistia a tudo. Daí que ele perdeu a filha. Ela ficara tão pequenina que era impossível achar. Então, o homem prometera a si mesmo que descobriria o que era aquele mal de dar fim que dera fim a sua moça.

Deixou de mão a carpintaria para lidar com químicas e biologias. Fez da oficina um laboratório. Cheirava agora a papel e não mais madeira, o homem e o lugar. Os vizinhos lhe diziam que esquecesse aquilo, que era obra de Deus ou do Diabo, mas ele nada. Recebera notícias de casos semelhantes em Nokia (Finlândia), Santander (Espanha) e Ilha de Marajó (Brasil). Estava certo de que Deus ou o Capiroto tinham engenharias diferentes para sumir com as pessoas.

Em seus quatro últimos meses de vida, o homem nem saía mais do laboratório. Dia ou noite, a lâmpada nunca apagava. Imaginavam que ele estava lá a ler e formular teorias infinitamente. Coitado...Em uma manhã de agosto, o velhote da quitanda passava quando viu a antiga oficina às escuras. Logo soube que tinha algo errado e acionou a vizinhança. Não foi preciso muito esforço para derrubar a porta. Ele estava debruçado sobre a mesinha cheia de papéis. O rosto trazia uma expressão estática de triunfo absoluto. Na mão esquerda, um papel amassado com as constatações:

Dar fim é um vão ao lado do músculo cardíaco.
Funcionalidade: dar fim a toda ordem de sentimentos/opiniões que não queiram ser exprimidos. Em pleno funcionamento, tem a capacidade de garantir o autocontrole.
Características fisiológicas: 3 X 4cm com paredes extensíveis
Formato de fenda
Dar fim suporta um limite ainda não identificado de sentimentos. O preenchimento total da vão causa efeitos colaterais das mais diversas tipologias, inclusive o fim.

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"Eu te amo"
"Tem certeza?"
"Não. Mas eu te amo"
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"As pessoas gostam mais do por do sol à aurora
porque cultuam muito mais o adeus"
Paulo Tabatinga




Abriu os olhos e encarou o teto. Sabia que já era dia alto e que também era quinta-feira. Passou algum tempo tentando adivinhar a hora certa pela intensidade da luz do sol que a fresta da janela deixava passar. 8:34 talvez. Não, não...8:40...8:41. Isso, 8:41. Tateou o criado-mudo à procura do celular. No caminho, encontrou os óculos. 8:23. Errara, mas estava feliz por ter 18 minutos de vantagem em relação ao seu achismo.
Levantou-se sem ainda ter decidido com qual humor estava de fato. Escutou o telefone fixo do vizinho de baixo berrar e, mais uma vez, alegrou-se. Foi uma decisão acertadíssima não instalar aquele aparelho maldito. Não sabia que som tinha o inferno, mas em algum momento deveriam soar telefones por todos os cantos. Abençoado celular, clemente modo silencioso com alerta vibratório!
Depois de encarar o espelho por longos 6 minutos e meio e não constatar olheiras aparentes, iniciantes ou disfarçadas, resolveu enfim que era dia de sorrisos.
Foram 14 emails, 2 pães, 1 xícara de café e 3 pastilhas de gengibre até sair de casa. Não prestava mais muita atenção ao caminho que os pés sabiam de cor. Ia e ia. Ia mais um pouco e um pouco mais. Então chegava.
Terminal 2.
Aqui chegavam ônibus do país inteiro. Centenas de estudantes, turistas, hippies, migrantes sazonais de todas as texturas e credos partiam e chegavam dioturnamente. Um profusão de janelinhas esfuziantes para partir ou impacientes para chegar.
Sentou-se.
Reparou no rapaz ao lado. Um tipo jovem...jovem adulto, como gostam de apontar. Vá lá, deveria ter seus 32 anos. Trazia os cabelos em desalinho, não soube precisar se intencionalmente ou não. Tinha grossas sobrancelhas e olhos miúdos, apertadinhos, porém sem traços orientais. O nariz era...médio? Não era muito detalhista com o aparelho olfativo das pessoas. Preferiu deter-se no conjunto perfeito que faziam boca e barba. Eram lábios generosos, descontraídos, deveriam ficar bem em um risinho de esquina. Os pelos escuros e espessos lhe davam o tom dos 32 anos. Estava mesmo absorto na leitura do...ah sim! Havia ainda as mãos. Firmes, unhas largas e bem cortadas. Indício de que talvez o cabelo esteja assim propositadamente, pensou. Daí lembrou-se que sentou-se ao seu lado pelo que lia: um volumoso caderno classificados.
"A página 7 é a minha favorita"
Ele pareceu despertar e olhou em volta para identificar o interlocutor. Os miúdos olhos alargaram-se quase imperceptivelmente em agradável surpresa ao encará-la.
"Procura algo em particular? Er...não quero parecer...mas...hm...talvez possa ajudar"
Hesitou e isso era raro.
"Isso é só costume. As coisas que procuro não cabem nesses quadradinhos"
Sorriu e uma onda morna de alívio inundou-a. Por segundos pensou que estivesse enganada a respeito do tipo. Mas acertara. Era como se as suas primeiras impressões estivessem treinadas.
"Indo ou vindo?"
"Indo"
"Volta?"
"Ainda não sei"
"E vai para decidir?"
"Talvez"
"Ir implica procurar o que não cabe aí?"
"Ir implica não saber se vou achar"
"E ficar também não..."
"Ficar certamente não..."
"Qual a categoria do que procura?"
"Diversos"
"Diversos é vasto"
"Diversos é muito"
"Ou muito pouco"
"É muito, senhorita"
Pareceu uma vida. E foi. Em 53 minutos, partilharam, debateram e divagaram sobre todas as seções. Imóveis, empregos, veículos, orações, utilidade pública, pessoais e recados. Cumplicidade que não se acha em qualquer banco, em qualquer anúncio.
"Então, é um até logo"
"Até. E boa sorte com a procura"
Ele agradeceu e deu as costas com a mochila sobre o ombro direito. Só então lembrou-se.
"Ei, e você? Indo ou vindo?"
"Ficando. Eu sempre fico"
Deu um largo sorriso ao tipo e deixou o terminal 2.
Não sabia desde quando fazia aquilo. Visitava a rodoviária todos os dias para fazer amigos de curto prazo. Amores eram ocasionais. Elegia alguém, depois de uma longa observação, para uma conversa. Era sempre correspondida porque as pessoas são carentes. Parecem muito bem resolvidas, mas sentem-se tão mais amadas quando lhes dirigem a palavra. Fora a primeira vez que o diálogo tinha sido pautado por classificados. Espera, café, bagagem, (má) educação, táxi, turismo, papel de bala, telefones públicos. Cada tema um amigo ou dois ou.
A verdade é que era viciada em despedidas. Não assumia porque "ai, odeio despedidas" era o novo "sou a favor da democracia". Mas dizer tchau/até logo/até mais/a gente se vê lhe produzia um efeito tão deliciosamente tóxico. Os poros ficavam cheios de uma excitação latente. Era prazeroso não saber se veria aqueles amigos alguma outra vez. Ela achava.
A amizade mais longa? 3 horas. Uma senhora amável com ares de avó perdera o ônibus para Belo Horizonte. Ia conhecer o noivo da filha mais nova. 180 minutos que começaram com a capa da revista de bordados.
"Ponto-cruz vai ser sempre o carro-chefe, hein?"
"Se bem que já foram mais elaborados...digo isso pelo que via antes. Tenho orgulho de dizer que aprendi sozinha"

***
Abriu os olhos e encarou o teto. 8:54. Óculos. Espelho. Vizinho. Café. Caminho. Terminal 2. Olhos treinados. Sorriso.
"Indo ou vindo?"
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"Qual a sua idade?"
"A que eu quiser"
"E hoje?"
"Que tem hoje?"
"Qual a que você quer hoje?"
"Hoje tenho 27 e 2 meses"
.........................................
.........

"O que foi?"
"Nada. Não se pode mais rir?"
"Não vejo piada"
"E não há. Eu rio sério"

....................................
......

"O que foi?"
"Estou tentando lê-los"
"Os olhos?"
"Sim..."
"Não se pode..."
"O que?"
"Ser afalbetizado em todas as línguas"
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Parecia uma gafarra de refrigerante de vidro, a moça.
Daquelas com muito gás e começando a congelar.
Os cabelos ondulavam que nem aquela fumacinha que sai do gargalo
quando tiram a tampa.
O sorriso era malicioso como as bolhas, fazem cócegas lá no céu da boca.

Ele só queria bebê-la até o fim.
Sem copo, sem canudo.
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"Se o galo cantar, você vai ficar assim pra sempre".
Era um moleque que não acreditava nessas coisas.
"Besteira, menina".
Fazia questão de assustá-la revirando as pálbebras do avesso.
Ria-se muito enquanto ela entortava a boca com desgosto
e esquivavasse daquela visão desagradável.
Nunca soube o nome do menino e não o vira nas férias seguintes.
Cresceu. Aprendeu que o canto do galo não faz das coisas para sempre.
Uma hora as pálbebras hão de retroceder.
Besteira, menina.
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Deixou portas e braços abertos.
Impaciente demais para caminhar, corri.
Sorrir, não conseguia. Era tanta ânsia, tanto querer, tanta vontade dele.
Meus passos largos engoliam a distância.
Então, já bem próxima dele, a cena mudou.
Foi fechando, portas e braços. Não me sobrou janela nem fresta.
Pensei em gritar, espernear, forçá-lo a abrir. Não tive coragem.
Queria fechar-me a ele também e quase consegui.
Um dia, com sucesso, vedarei todos os vãozinhos e não o deixarei passar para dentro de mim.
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Eu abro minhas correspondências ao sair de casa. Noticias que vêm de fora, eu levo para fora de novo. Ou para dentro (da bolsa). Os vizinhos olham com aquela estranheza. “Alá a fulaninha da 1552...arrogante...”. Não digo que não dou ouvidos a essa gente porque sim, sempre escuto o que eles falam, não que eu me importe. Ah, vá lá...eu nem gosto mesmo dos meus pés. Eles são assim disformes, meio achatados e o dedo mindinho é torto.

Conheço o texto de uma peça que diz que o whisky é a melhor solução para desfaçatez. Se eu gostasse, talvez concordasse com o autor, mas, para mim, a melhor invenção até hoje são os óculos escuros. Nada mais adequado para reparar nos outros discretamente. Quem imaginaria que há olhos crispados de curiosidade atrás de lentes negras tão blasé?

Malditos motoristas...e esses pedestres fora de órbita então? Não sabem o que é ser atropelada por uma Brasília ano 79. E daí que ela estava a 30km/h? Tinha 7 anos e foi a primeira vez que xinguei na vida. Em tom audível e na frente da minha avó, que fique claro. Despejei a minha metralhadora de palavrões em cima do aflito motorista. Acho que estava mais irritada pela vergonha de ter trocentrilhões de vizinhos assistindo à minha avó me dar banho para lavar as raladuras. Que gente...Abrir os ouvidos por trás dos óculos escuros vá lá, mas invadir banheiros já ultrapassa o código de ética da vida alheia.

Para os diabos com essa pergunta. Quem sou eu? Ora quem sou eu. Vai saber...Você sabe quem é você? Não vale dizer o nome. O mundo tem sim gente com nome e sobrenome repetido e, pasme, elas são pessoas diferentes. Ser é tão definitivo que, na era das incertezas, acho que mais estou do que sou. Claro. Ser mulher é muito relativo. Uns hormôniozinhos aqui, umas cirurgias ali. Pronto. Posso começar a ser definida pelo artigo definido “o” ou pelo o indefinido “um”.

Sabia que meu nariz já incomodou mais? Minha mãe o apertava quando eu era menor para afilar. Não sei onde ela aprendeu isso, mas agora deve saber que tem traços étnicos que não são desfeitos com uns anos de apertões ou apertinhos. Ainda tenho a mesma cara de tampinha-de-fanta-laranja-amassada.

Minha maior frustração é não saber assobiar. Já tentei trabalhar a respiração, fazer com as mãos, prender o ar lá no céu da boca e nada. Revirar a pálpebra dos olhos também nunca consegui...Diziam que se você estivesse fazendo quando o galo cantasse, ia ficar assim para sempre. Nunca ouvi falar de um caso real. Os mais velhos tem uma imaginação...dizendo eles que tem tudo na Bíblia ou que alguém ainda mais vivido falou. Quanto tempo será que tem que se viver para entender os efeitos do canto do galo na alteração da realidade vigente?

Abro minhas correspondências a caminho da parada de ônibus para ver se os juros tornam-se mais justificáveis enquanto caminho.
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Na infância, encarregaram-se de me ensinar a ler a morte nas orelhas. Empiricamente falando, os que a trouxessem em menor tamanho...que má sorte! Viveriam assim pouquinho...

Quão aterrorizada fiquei no dia em que me dei conta das pequeninas que eu tinha. E os adultos riam-se muito do meu desespero em deixar essa vida tão cedo sem sequer ter casado...O moço loiro de suéter branco não viera ainda. Devia esperar a próxima chuva para ver se aparecia. Treinava todos os dias a cara de surpresa para quando ele à porta batesse e apenas sorrisse. Sem dizer nada, me levaria no colo por entre as grossas gotas que não lhe baguçavam o cabelo.

Aflingiu-me saber que, se o moço não viesse logo, sequer nos conheceríamos. As orelhas poderiam acabar antes que os relâmpagos cortassem por aí e o ar ganhasse aquele cheiro molhado. Abria bem as narinas, analisava cada centímetro de céu...mas nada...nem chuvisco. Sabia que ele não viria então.

Busquei já me consolar que deveriam haver outras orelhas menores e que não partiria sozinha. Analisava a de uma mulher grisalha de aspecto cansado no ônibus quando me ocorreu: o moço era um moço, e tal como os outros, deveria ter orelhas, mas não sabia nada delas. E se o tempo tivesse terminado? Seria possível que elas tivessem chegado ao fim antes mesmo do céu armar-se?

Que desconstrutores são os adultos, eu pensava. Estive bem sem saber ler orelhas, próprias ou alheias. Ainda vivo. Ia dizer que isso é mesmo óbvio, porém depois que se aprende a ver o futuro com o que se devia usar para ouvir, as coisas ficam referencialmente relativas.

Vieram granizos, gotículas, temporais e nada desse moço. Devia ter orelhas bem miúdas ou não tinha nenhuma. Atrasou-se alguns anos porque não pode ouvir a água bater no telhado.
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Virou o mês
e não virei a página.
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Sua voz cheirava a chá e um maço de cigarros recém-aberto.
Os olhos, deixavam escapar uma melodia ruidosa...daquelas que é para acostumar-se e não entender.
As mãos tinham uma respiração pesada, mas doce. Sabia bem não saber de nada.
Era um não sei o quê cheio desses pormenorezinhos de encanto...
Uma caixa meio vazia e meio cheia de suspiros e lembranças e dizeres e olhares e sorrisos.
Maior que o mundo inteiro, mas cabia no espelho que ela levava cuidadosamente dentro da bolsa cheia de alísios de junho.
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Ele tinha um sol bem no meio do sorriso
e uma lua entre os dedos.
A pele era coberta de estrelas...
assim mesmo, constelações.
Um universo inteiro que lhe acolhia nos braços
e fazia dormir.
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Não haveria cidade como aquela, estava certa.

Contabilizou mais estrelas do que pessoas naquele céu de azul assumido ao meio dia e laranja espalhado ao fim da tarde. O calor e a noite. Sabia dos seus efeitos e das consequências, mas as causas brotavam não se sabia de onde e eram mesmo dispensáveis.

Seus habitantes tinham braços compridos unicamente para acomodar em um abraço tantos quantos precisassem .

A cidade tinha estórias que só as madrugadas sabiam contar àqueles que deitassem em seu colo e se dispusessem a ouvir. Essas, gostavam de soprar uma brisa leve, quase em tom de brincadeira, e ainda traziam consigo a lua, que, vez por outra, aparecia furtivamente entre as nuvens afim de provocar.

Ali estavam muitos segredos, despreocupações e arroubos e amores. Ficavam pelas esquinas para serem apanhados depois.

Não haveria cidade e nem dias como aqueles, estava certa.
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Nada tem a ver o coração com as burrices que a cabeça comete, concluí.
Emoções, razões e os diabos paridos por terminações nervosas grávidas de estímulos. Tudo apadrinhado por pensamentos e suas ramificações.


Imagine o que seria pensar com o peito, as ideias todas desviadas para o lado esquerdo...
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30

Debruçou-se sobre o parapeito, na varandinha apertada, e ficou a olhar 'o movimento'. Assim faziam na sua cidade. Colocavam as cadeiras na calçada entre 18h e 20h com este mesmo argumento. Fez aquilo algumas vezes, muitas, diria, mas tudo que tinha agora era aquele pequeno vão para retomar a antiga prática.

Não fumava, mas desejou ter um cigarro àquela hora só para compor, assim como a xícara de café ou chá. Sentia-se adolescente por não ter esses hábitos adultos de quem vive em metrópoles contemporâneas. Riu-se. Infantil. Aos 6, costumava enrolar um pedacinho da folha do caderno de desenho e colocar na boca enquanto dirigia, em cima das caixas de brinquedo no corredor. Essa seria ela um dia, com 30 talvez, como as mulheres dos filmes. Fumar compunha.

Respirou fundo e veio o cheiro forte de noite. Sempre gostara do número 30. Era redondo, sonoro. Acreditava que os adultos todos tinham 30 anos. Desejou o cigarro mais uma vez.

Olhou por cima do ombro e viu a sala vazia. Os móveis ainda tentando encontrar o lugar certo, acostumando-se com o espaço, com eles mesmos e com ela. Devia ser essa a hora em que sentiria um aperto no peito e saudade de algum barulho familiar...mas não.

Tornou a cabeça para a cidade. A brisa fustigou os fios soltos do cabelo. Resolveu tragar o ar e soltou uma fumaça de alívio. Sem chá, cigarros, café ou companhia.

Pensou em 30 (pessoas, fatos, palavras, números, notas, gestos, anos). Despediu-se do movimento e foi dormir.

Era bom estar sozinha.
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Aprendera já muitas coisas, isso era importante considerar. Como o caso do silêncio, por exemplo. Sempre o achou incômodo, tenso, parente próximo da falta de assunto. Bem, algumas vezes o era. Um deles, o de olhos verdes e alma centenária, ensinou a reconhecê-lo quando necessário.

Foram longas a tardes em que ele tentou fazê-la compreender. Impacientemente, ela se esforçava, mas não pode furtar-se de alguns muitos muxoxos e aiais. Os minutos arrastavam-se naquele não dizer...Daí que foi ficando menos duro o aprendizado. A percepção de que palavras são, às vezes, bem desnecessárias pareceu ir entremeando suas razões. Já não reclamava tanto.

Um dia, ele teve de ir, isso porque já não podia mais ficar. As coisas são como estão. Deixava-a orgulhoso por ter conseguido e o soube no último instante. Como recompensa, ela devolveu-lhe o maço de cigarros que tinha o impedido de fumar. Emendou a entrega com um abraço. Entregou-se certa de que ele passaria, iria, mas ficaria. Despediu-se, em pedaços, do ombro de duas semanas e das coisas que só uma alma cheia de outras saberia lhe dizer.

Deu-lhe as costas. Suspirou em seus sentidos.

O silêncio é mesmo cheio de ruídos.
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É preciso tão pouco para me encantar. Sou fácil.
Meio metro de palavras certas, trejeitos distraidos, olhares significativos, uns acordes fáceis e um sorriso, o melhor.
Misture tudo. Tens-me.
Por um prazo tão impreciso quanto os ingredientes que prezo.
Vai saber...
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Meus problemas sempre foram de ordem matemática.
Agora, por exemplo, conheço o valor de x e y, as parcelas.
Porém, desconheço as operações a serem usadas, os meios desse fim.
Há de ser resto 1?
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Tenho para homens e chocolates o mesmo gosto.
Os mais difíceis.
Os mais exóticos.
Temperatura ambiente.
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Seus olhos foram baixando ao passo que a porta do elevador se fechava. Pode vê-lo ainda relance antes do estalo mas, logo em seguida, encarava seu reflexo distorcido na superfície metálica fosca.

O sorriso da noite passada era como a tal, passado. Tinha desaparecido sem vestígios. Trazia uma expressão tão triste e desamparada que não conseguia mais encarar a si mesma. Fixou-se em algum ponto do teto e lá ficou a pensar.

Tivera, ao todo, 45 minutos com ele e sabia que maior seria o tempo que passaria sem. Sentiu a garganta fechar e conheceu o que estava por vir. Derramou então aquelas lágrimas, as 5, compassadamente, silenciosamente...

Quando chegou ao térreo, já trazia os óculos no rosto e julgava-se 'bem', mas ainda não podia sorrir.

O segundo andar nunca esteve tão longe.
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Sentou-se meio curvado defronte a televisão, mas sequer sabia o que lá passava. Não por desatenção, natural das crianças daquela idade. Franzia as pequeninas sobrancelhas e contorcia os lábios...gesto quase próprio dos adultos. Preocupado, ele estava.

Quando, de longe, ouvia as lágrimas escorrerem, levantava-se vagarosamente e encarava-a. Ela podia enxergar o afeto naqueles olhos graúdos e amendoados, mas sentia tanta pena de si mesma que não tinha forças para percebê-lo naquele momento.

Ele lá ficava. Vez por outra colocava a mão no queixo ou soltava a respiração. Parecia saber que mais palavras não adiantavam.
Os minutos foram passando e, aos poucos, ela foi recobrando a 'imponência dos mais velhos'. Teve coragem para olhá-lo, enfim, e viu. Ela deve ter passado muito tempo naquele estado de desligamento. Tinha diante de si tanta maturidade que não soube precisar qual dos dois era mais 'vivido'. Colocou as pálidas mãos sobre os joelhos, abaixou-se até que ficassem da mesma altura e perguntou, perdida, ao homenzinho:

- O que se há de fazer?

Pediu ajuda.
Ele foi até a cozinha, trouxe-lhe um copo de água.
- Não sei. Eu só tenho 10 anos.

Sentou-se meio curvado defronte a televisão e absorto ficou com o seu quinto desenho animado favorito.

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A mocinha se alimentava de ilusões somente.
Comi-as no café-da-manhã, almoço e jantar. Se calhar, também nos lanches.
Foi assim os seus 24 anos e 7 meses, contados nos dedos.
E vivia bem, assim mesmo, a um palmo do chão.
Certo dia, a comida não caiu bem.
A mocinha teve um mal estar e conheceu a desilusão.
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“Sabes quando uma pessoa tem de fugir da outra porque tem e não porque quer?”

“Hum...”

“Sabes?”

“Sei.”

E ele fugiu. Escapou-lhe entre os dedos para nunca mais. Até que...


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Caro,

sinto dizer-lhe que falhei na missão. Durante quase um ano pensei ser um soldado forte o suficiente para lidar com os dissabores desta batalha. Imaginei poder levar tudo levemente...com um pacifismo diplomático e dentro dos limites éticos aceitáveis.

Porém...porém, comandante. Um ano de pensar torto foi colocado nos eixos em 2 dias...como no início, só que agora...sim, posso reconhecer o início.

Digo que falhei porque tinha me comprometido aos ideais. Jurei-lhes fidelidade acima de tudo. Fraqueza a minha...tornei-me vacilante logo no primeiro instante.

Creio que tenhas falado em desfazer e voltar atrás...Ora, comandante, pode-se desmanchar assim uma guerra do dia para o dia? Sinto se soei rebelde. Bem se sabe que um soldado disciplinado obedece às ordens que vêm de cima sem questioná-las. Mas devo admitir que já consigo ver-te uns degraus abaixo, à mesma altura dos meus olhos.

Não, não obtive sucesso como pretendia. Perdi a batalha e armei a guerra. Saiba que em meu vocabulário há falha, mas não recuo. Vestir-me-ei de vermelho assumido tantas vezes forem necessárias e sairei desarmada para abraçar ambas, vitória e derrota, como consequência das escolhas que fiz.

Sem mais preocupações, comandante.
Sem mais.
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Desde pequena aprendi que, para ser educada, era preciso, além de 397 regras de etiqueta 5 dúzias de palavras polidas, a não cobiçar as coisas dos coleguinhas. Um olhar mais interessado pela boneca alheia já despertava nos adultos aquela cara de “não começa ou você vai ver o que é bom pra tosse”.


Cresci. Com as rédeas sempre orientadas no sentido de valorizar o meu e apenas admirar o do outro, sem mais desejos. Creio que tenha sido bem educada então, até certo ponto, até certo dia, para ser mais exata. Desejar o que era dela não me parecia certo ao mesmo compasso em que era atraente.

Descobri que a poda, as regras, os limites, só me fizeram mais atraída pelo alheio. O jeito como ela o tocava...quase pude ver o pálido, porém sedutor brilho que se deitava sobre todas as coisas que eu ardentemente ambicionava sem poder ter. Uma era aquela, a que ela tinha.

Frustrante.

Tinha já decidido a recolocar as rédeas e andar na linha do juízo. Porém, há dias em que não se pode lidar com os acontecimentos ou a iminência deles. Ela estava ausente. Por que motivos? Não me interessavam. A livre presença do meu desejo passou a me guiar tão aflitivamente que perdi o senso de ser. Apenas estava.

Quando pus-lhe as mãos era como se todas as minhas células sensitivas tivessem entorpecido ao mesmo tempo. Queria os olhos abertos para acender a memória visual algum momento depois, mas era tudo sensações. Rendi-me. O hálito quente do alheio e as torpes palavras que tentei murmurar...estúpida. Então não tinha agora o que queria? Pensei, por último, antes que todas as fontes luminosas do meu corpo e das formas desanimadas à volta se apagassem.

Desde pequena aprendi que, para ser educada, era preciso obedecer aos adultos porque eles sabiam claramente para onde conduzir a humanidade com as suas 397 regras de etiqueta e 5 dúzias de palavras polidas. Agora, que sou um desses adultos, às vezes desfaço-me das leis e brinco com o alheio quando ela está ausente. Algum mal se eu puder esconder tudo dentro da caixa?


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O que move.
O que me move e faz querer, e faz sentir, e faz...
e faz-me.
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Ela chegou em casa naquele dia decidida. Dois anos e cinco meses, sendo os últimos três de ausência, desinteresse e infidelidade. Estava mesmo farta e cansada de se sentir sozinha ainda que casada.

Passara noites em claro pensando se o fim seria a decisão mais acertada. Tinha repassado mentalmente todos os minutos em que fora feliz com aquele homem. O dia em que o conheceu...ah...nunca se esqueceria do sorriso que ele tinha nos olhos. Era mesmo encantador, envolvente. Isso ela não poderia deixar de reconhecer.

Mas, ultimamente, ele andava ausente. Quando ela procurava, insistia em um contato, uma conversa, subitamente, ele ficava ocupado. Ela chamava atenção. Nada. Os desentendimentos tornaram-se frequentes, as discussões ganhavam argumentos cada vez mais estapafúrdios. Ela ficou então cansada e parou. Parou de tentar fazê-lo responder, reagir, e começou a pensar no divórcio. Se tinha entrado em um relacionamento, era justo pelo medo da solidão que sempre lhe foi tão insistente. Via-se mais solitária do que nunca. Pensou em ligar para algum amigo e desabafar, mas lembrou que não fazia sentido, já que a última vez que viu algum deles tinha mais de um ano. Sequer sabia se os números de telefone continuavam os mesmos e decidiu nem tentar. Primeiro, se resolveria com ele.

Depois das horas inquietantes no trabalho, seguiu para o ponto de ônibus revendo as razões que motivaram a sua decisão final. Na semana passada, achou o estopim de tudo: um recado. “Te quiero mucho, mi pollito”. Não havia como dizer que não era o que parecia ser. Seu espanhol não era lá essas coisas, mas aquilo era tão claro. Pediu parada e caminhou três ruas até alcançar o seu prédio. “Noite”. O porteiro acenou com a cabeça sem tirar os olhos da televisão. Ela seguiu para as escadas e já não pensava mais. Estava decidida.

Abriu a porta e sentou-se ainda com a bolsa na cadeira em frente ao computador. Esperou impaciente que a máquina inicializasse, conectou-se e começou a digitar:

“Então, é isso. Está acabado. Tenho tentado conversar com você nas últimas semanas, porém sem sucesso. O recado da colombiana na sua wall no Facebook foi o ápice de tudo o que já vinha acontecendo. Suas novas amigas do Orkut já podem comemorar quando você mudar o status para ‘solteiro’. Sinceramente, demorei a entender por que o nosso relacionamento tomou esse rumo tão desagradável, sendo que parecia tão incomum, tão diferente dos que eu já tinha vi [limite dos caracteres excedido]”

“...venciado. Mas aí, ainda que ele fosse tão diferente, não estava longe dos problemas comuns. Caiu na rotina. Horas ininterruptas de webcam, frases mal interpretadas. Porém, chegue à conclusão que o nosso principal problema foi de conexão. Portanto, aviso que a partir de hoje redefinirei o meu status no Orkut, Myspace, Facebook, Tagged e Hi5 para solteira. Oficializarei o divórcio via Twitter e desativarei as contas conjuntas de email. Acredito que apesar de tudo, nosso fim é amigável e não o bloquearei no Msn. F [limite dos caracteres excedido]”

“...oi bom ter te conhecido. Espero que um dia a gente ainda se conheça pessoalmente. Até a vista”

“Ah, te mando a aliança pelo Correio semana que vem”
[Ela parece estar offline e pode não receber suas mensagens]
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