Saí de casa mais cedo e o medo estava a me esperar sentando no batente da porta. Não dei-lhe uma lasca de olhar sequer. Veio a me seguir todo o caminho. Trocava eu de calçada, ele o mesmo fazia. Entrava e saía de lojas, o tal a me subir nos calcanhares.

No fim do dia, já cansada daquilo, daquele e de mim, encarei-o. Arqueei a sobrancelha direita, coloquei a mão na cintura como fazem as inquisidoras. O medo não esperava por aquilo. Deu-me as costas e enfiou-se na primeira esquina para ser engolido logo depois pela cidade.
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Já morri de amor 77 vezes.

Na primeira vez que estava prestes a desfalecer amando, reuni meus pais, como os moribundos reúnem seus entes queridos para as últimas palavras e suspiro. Contei todos os detalhes, nome e sobrenome, a carteira da classe que sentava e as notas que tirava. Tínhamos uns 10 anos, eu e ele. Nessa idade, as coisas dóem mais ou sentimos melhor. Não sei. Chorei copiosamente ao admitir "publicamente" meu mal.
Talvez eu tenha sido correspondida uma vez. E digo talvez porque ainda me afogam dúvidas sobre. Então, vivi nesse morre-renasce por muito.
Tenho esse vício de morrer assim porque amar é morrer estando morto antes de estar vivo, mas viver mesmo assim. Dizem que para morrer basta estar vivo. Para morrer de amor, nem isso. Sempre penso que não volto mais, porém no virar de um esquina aparece-me o próximo e é um arroubo de estourar o peito que nem balão de festa.
Já morri de muitas formas com essa mesma causa e hoje acho que vou morrer de novo, em breve.
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