Uma, duas, três vezes eu talvez me deixasse ser encontrada, mas não há prazer maior que esconder-me. Entre as mãos, roupas e cabelos cabe-me o conforto. O silêncio a me puxar pelos dedos e estreitar meus poros em um abraço cheio de preguiça. Penso que deviam deixar-nos assim até a próxima chuva.

Minhas gavetas estão uma bagunça como os fios de pensamento que tento alinhavar. O dia está com a cara amassada, parece que passou a noite em claro. Acho que bebeu café demais antes de ir para a cama.

Olha a poça mais adiante. Está com os olhos trêmulos, saudosa dos reflexos de luz do poste ao lado. Por agora, é um espelho difuso confuso do céu mal humorado.

Aonde eu quero chegar, o que estou pensando é tão subjetivamente lugar nenhum, tão desorganizadamente nada. Precisa clareza.

Voltem amanhã com as perguntas.

Estamos eu e meu silêncio reclusos em um canto da sala escura tentando ordenar as gavetas, consolar a poça chorosa e cutucar o dia cansado.
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Parecia mágica passar o dedo indicador pela chama da vela e não sentir dor. Achava que só os mais velhos, espertos e altos podiam até descobrir como. Era simples, só não esperar. Correr o dedo pelo fogo, cutucá-lo e fugir.
Era das mais sagazes agora. Fazia para impressionar. Fazia porque sabia.
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Felicidade é um estado. Páginas em branco também.
Razão é a palavra mais tola que existe porque beijamos e abraçamos o infudado. Hoje nada me impele a sorrir, porém tudo parece motivo. Irracionalmente existo para fazer sem conseguir explicar.

Não sei. De mim, de ti, deles.
Não sei. Da minha roupa, do meu cabelo, do meu destino.
Acharia eu, passos atrás no meu incidentário, que não saber era amargamente duvidoso.
Sentava-me ao lado da angústia no almoço e dormíamos abraçadas a dividir o travesseiro, as cobertas. Mas houve uma vez que choveu com graça, caímos na multidão de dias e ela soltou da minha mão. Do outro lado da rua, naquele mesmo conjunto de horas, encontrei-me.
Não saber é delicioso, como passar a língua nas orelhas do vento.
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- Achas que fizeram o mundo deitados em um sofá, Antônio?
- Penso bem que não. Mas muitos destróem um pouco todo dia estando sentados em cadeiras.
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Deveriam pagar-me um salário para viver achando que as coisas vão melhorar.
Os dotados de preguiça macunaímica, mas com otimismo bem disposto hão de se encaixar.
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Do 4º andar, a vida parece-me melhor às vezes.
Mesmo que toque o chão, ainda estou no alto.
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