Uma, duas, três vezes eu talvez me deixasse ser encontrada, mas não há prazer maior que esconder-me. Entre as mãos, roupas e cabelos cabe-me o conforto. O silêncio a me puxar pelos dedos e estreitar meus poros em um abraço cheio de preguiça. Penso que deviam deixar-nos assim até a próxima chuva.

Minhas gavetas estão uma bagunça como os fios de pensamento que tento alinhavar. O dia está com a cara amassada, parece que passou a noite em claro. Acho que bebeu café demais antes de ir para a cama.

Olha a poça mais adiante. Está com os olhos trêmulos, saudosa dos reflexos de luz do poste ao lado. Por agora, é um espelho difuso confuso do céu mal humorado.

Aonde eu quero chegar, o que estou pensando é tão subjetivamente lugar nenhum, tão desorganizadamente nada. Precisa clareza.

Voltem amanhã com as perguntas.

Estamos eu e meu silêncio reclusos em um canto da sala escura tentando ordenar as gavetas, consolar a poça chorosa e cutucar o dia cansado.

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2 Responses so far.

  1. Rachel says:

    Vc é absurdamente Clarice, lindamente Clarice. Deveria lê-la e talvez perder-se ainda mais num encontro confuso e inspirador.

  2. Se precisar de um apoio, uma palavra de amor, estou aqui para vc. Sempre. Te encaracolo seu cabelo e tudo volta a funcionar.

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