Aprendera já muitas coisas, isso era importante considerar. Como o caso do silêncio, por exemplo. Sempre o achou incômodo, tenso, parente próximo da falta de assunto. Bem, algumas vezes o era. Um deles, o de olhos verdes e alma centenária, ensinou a reconhecê-lo quando necessário.

Foram longas a tardes em que ele tentou fazê-la compreender. Impacientemente, ela se esforçava, mas não pode furtar-se de alguns muitos muxoxos e aiais. Os minutos arrastavam-se naquele não dizer...Daí que foi ficando menos duro o aprendizado. A percepção de que palavras são, às vezes, bem desnecessárias pareceu ir entremeando suas razões. Já não reclamava tanto.

Um dia, ele teve de ir, isso porque já não podia mais ficar. As coisas são como estão. Deixava-a orgulhoso por ter conseguido e o soube no último instante. Como recompensa, ela devolveu-lhe o maço de cigarros que tinha o impedido de fumar. Emendou a entrega com um abraço. Entregou-se certa de que ele passaria, iria, mas ficaria. Despediu-se, em pedaços, do ombro de duas semanas e das coisas que só uma alma cheia de outras saberia lhe dizer.

Deu-lhe as costas. Suspirou em seus sentidos.

O silêncio é mesmo cheio de ruídos.

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One Response so far.

  1. Liv. says:

    E eu que tenho um grande problema em não ficar calada? Sempre tenso.

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