Existe uma roda quadrangulando os cantos dos sorrisos agora. Era uma roda engraçada toda quadrada de tanto existir. Os esboços de felicidade escorriam dali para as pontas dos pés e davam forma a danças de passos desajeitados. Isso era a fórmula do estar contente. Ser demanda muito mais, demanda todo dia e todo dia não existe. Só o dia todo. Deram-se as mãos em um ímpeto de inconsciência afetiva. Era dia e não tinham notado. Era noite e tinham vivido.

Existe uma roda quadrangulando todos os peitos agora.

Isso é a fórmula do estar saudoso.


Read More ...

1 oferta(s)


Borboleteou-se toda para vê-lo aquele dia. Eram tantas formiguices, cigarrices e besoreios até que a hora chegasse. Camaleônico, ele bateu à porta e ofereceu-lhe o braço. Foram lagarteando pelas ruelas da cidade baixa.
E era tanta conversa gafanhotesca, tanto suspiro joanhinzento que a morcegada olhava como que censurando, como que invejando aquela passaranhisse.
Foram achegando-se um no outro. Pareciam querer colocar os juízos a beijar-se. Terminaram por aranhar-se sob um lençol branco de lua que vinha, abelhuda, por trás das nuvens, espreitar.




Quadro de Romero Brito





Read More ...

1 oferta(s)

Hão de existir sempre portas e janelas por onde não se pode passar. Estão lá os caminhos e as ditas cujas cerradas como que a vácuo.

Daí o protagonismo das frestas. Tão imperceptíveis, porém capazes de verter ou sorver a um prazo considerável. Quando chovemos, é por onde passam todas as gotículas de qualquer coisa.

É o espaço providencial entre os dedos, são os poros, é a alma. Essa, estive a tentar costurar os cantos para que não sobrassem pontas soltas e espacinhos. Em vão.

Estiveram a me afrouxar os pontos da alma e as frestas ficaram expostas. Fui chovendo, vertendo, sorvendo e sorvida. Tentei relutar, reamarrar, encerrar, reagir. Em vão.

Agora sei que por entre todas as frestas há sempre uma festa. Vou chuviscando, transbordando, absorvendo e absorvida. Então.



A Rachel, Sheyla, Lu, Aline, Bárbara e Santini
Read More ...

1 oferta(s)