As fronteiras existem desde que fizeram o outro lado da rua. Aqui, você pode entrar sem visto. Meu peito é embaixada e eu toda estrangeira no teu corpo, toda turista em teu sorriso....
Fui ao balcão pedir coragem. Minha rua fica no 8º andar. Moro no meio do quarteirão. Quarto do corredor à esquerda. 200 gramas de cor, por favor. É para por na salad...
Agora já posso rasgar o papel de presente e tirar o novo ano da caixa. Tem cheiro e som de plástico destreinado, virgem, não amaciado. Se toco, ele range. Acho graça. O novo ano veio com o manual em uma língua que não domino chamado tempo. Do tempo, só sei que há...
Coração tanto bate como alcança. Inquieto, foi à rua e não voltou. Tanto fez-me virar a esquina. Já não vi sequer o rastro. Foi bater em outro peito. Fui bater outra por...
Falta. Uma porta no armário. Um novo calendário. Um pneu, uma bicicleta. Uma tampa pro perfume. Uma cortina na janela. Uma parte do lençol. Falta. Preencher as palavras cruzadas. Guardar a roupa lavada. Comprar um peso de porta. Arrancar os papéis da parede. Anotar amanhã...
Talvez, tal vez. E nada voltou a ser o que era. Por causa do tal. Por causa da v...
Traz aqui, Glorinha, um copo d´água e um colo querente de corpo cansado. Hoje eu tô só meio. Hoje tô só metadinha. Desde madrugada rolo que nem cachorro doido na cama. Fui eu que cutuquei o sol dizendo que já era hora de levantar. Mas olhe, Glorinha, que caminhei tanto...
Um gosto de cidade na boca. A cabeça avenida de ideias, O coração esquina de aperto. Para tudo na vida há concreto. Dor a gente cura com asfalto....
Ele é um dia de silêncio e todos os bons ruídos ao mesmo tempo. É silêncio porque as melodias podem estar erradas, o tom pode desafinar e as notas não se entenderem. É silêncio porque não sei dizê-lo e as palavras são desnecessárias. Noite passada sonhei que amava e era...