2011 logo vai-se e ainda estou em dúvida se me despeço saudosa. Esse ano, aliás, nunca estive tão propensa a isso. Despedi-me, despediram-se de mim e despedimo-nos. Até hoje não me considero preparada para tantos adeusinhos e até logos, porém dedici tirar vantagem disso...
No último dia 26, conheci a saudade. Ela que tão distante parecia, tão alheia, queria agora ficar-me por baixo da pele. Tentei negar-lhe a intimidade. Não sou muito dada à aproximação com estranhos. Ali mesmo, no aeroporto, dei-lhe as costas. Ordenei que não me seguisse...
Digo eu que não sei cantar a saudade, então conto. Conto todos os cantos e todos os contos de cantos que cantam para a saudade contar. Canta ela, que eu não sei contar cantos. Conto eu que ela não sabe cantar contos. Cantamos e contamos a conta, o canto, o conto. Digo eu...
Tudo se fazia tão maior por conta dos pequeninos fatos. O ranger do assoalho e a sutil alegria de saber que estavam os dois acordados. Dançavam uma valsinha de bom dia enquanto as torradas aprontavam-se a qualquer gosto. Eram risadas frouxas com gosto de margarina de espantar...