Saí no último domingo e te deixei a porta aberta.

Já era quase segunda-feira e eu queria mesmo que fosse sábado ou quem sabe sexta.


Há dias em que a vida cabe nas palavras que te posso dizer ao ouvido

E outros em que faltam braços para envolvê-la.


Os minutos estão todos se espreguiçando.

As pessoas arrastam-se nas calçadas como se o céu estivesse pesado demais.


Escrevo-te duas ou três palavras nas linhas da mão esquerda

Para que sempre te lembres que eu lembro


Passaram-se não sei quantos tempos.

Devem até ter construído outras estradas e aberto o mar outras vezes,

Mas ainda tens o cheiro que eu queria sentir agora.


Saí na última segunda-feira e te deixei a porta aberta.

Já era quase sábado e eu queria mesmo que fosse sexta

Ou quem sabe domingo.


Há dias em que nos braços cabem as palavras que posso te dizer ao ouvido

E outros em que faltam vida para envolvê-las.

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Assim que despediram-se e saíram aos sorrisos pelo corredor, sentiu-se sozinha como nunca antes. Era um dia cinza no meio de setembro e uns nacos de vento frio a faziam estremecer. Pisava o chão gelado com os pés nus até a cozinha. Não se lembrava de dia tão escuro como aquele. Era tempo ou pensamento?

Começou a chover fino e a chuviscar lembranças dos últimos dias. Resolvera despir-se daquela roupa apertada chamada pele e sair de alma a céu aberto. Não lhe disseram que era perigoso. Esteve assim nas rodas e amou infinitamente outras almas aquela noite. Fez-se toda alegria por dúzias de horas que não saberia contabilizar, por fim.

Porém já era dia. Ali perto varriam as calçadas e cascos de conversas rolavam pelo asfalto iluminado. Assim em luz, todos pareciam bem mais tristes. As roupas de maquiagem borrada, as caras amarrotadas.

Era tão mesmo chuvisco, mas já estava encharcada. Verteu pelos azulejos da área de serviço observando a vida lá fora.

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Deixa-te disso.

Deita-te.

Isso.

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Andava colada à calçada, sem paciência para o meio fio. Naquele meio metro de cimento, vinham velhinhos e todos os seus anos nas costas, estudantes falando da farra do último fim de semana e 5 ou 6 pares de fones de ouvidos. Preferia dividir espaço com carros, motos e bicicletas. Um gosto agreste de egoísmo na boca.

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