Saí de casa mais cedo e o medo estava a me esperar sentando no batente da porta. Não dei-lhe uma lasca de olhar sequer. Veio a me seguir todo o caminho. Trocava eu de calçada, ele o mesmo fazia. Entrava e saía de lojas, o tal a me subir nos calcanhares.
No fim do dia, já cansada daquilo, daquele e de mim, encarei-o. Arqueei a sobrancelha direita, coloquei a mão na cintura como fazem as inquisidoras. O medo não esperava por aquilo. Deu-me as costas e enfiou-se na primeira esquina para ser engolido logo depois pela cidade.